sábado, 1 de outubro de 2011

PESCA NO CAMPING

O LAMBARI


Lambari – Nome Científico Astianax SSP – Família: Characidae

Os lambaris são peixes de água doce que vivem em cardumes. São astutos, malandros, espertos, vorazes, territoriais, vigorosos, resistentes e extremamente reprodutores. Alimentam-se de quase tudo dependendo da região, das suas necessidades e da época do ano. Preferem águas limpas e frias. São desafiadores dos pescadores mais experientes e muito saborosos.

São também alimentos naturais para muitos outros animais e peixes tais como: dourados, cachorras, pintados (família dos grandes bagres), traíras, serpentes, anfíbios, aves das famílias das garças, etc.

São conhecidos no Brasil como: tambiú, piaba, piabinha, piava, piavinha, etc. Os mais famosos são os de rabos amarelados/avermelhados com em média 7cms de comprimento. Alguns espécimes ou parentes chegam aos 20cms (em média) de comprimento pescados aqui nas represas de São Paulo.

São predadores terríveis das ovas de outros peixes. Uma bolinha de sagu imita perfeitamente uma ova de peixe que atrai e engana o lambari.

Eles têm faro capaz de localizar um alimento a mais de 100m de distancia rio acima ou até 500m de distancia da isca em represas.

As iscas mais comuns que os pescadores utilizam são: minhocas finas ou em pedaços, pedacinhos de queijos de mussarela, pedacinhos de queijo prato, pedacinhos de queijo minas semi curado, pedacinhos de queijo parmesão, pedacinhos de queijo provolone, bichinho do pão ou da laranja, iscas de macarrão cozidos próprios para lambaris, macinhas sabor queijo, miolinhos de Pães molhados ao leite curtidos com queijo ralado, miolinho do grão do milho verde, arroz cozido sabor queijo, larvas de frutas e coquinhos, aleluias/ciriluias(infalíveis), etc.

As iscas de macarrão para lambaris devem ser cozidos preferencialmente com água e leite (meio a meio) misturado e com uma pequena porção de queijo ralado bem fino.

Tem gente que afirma que o lambari é um peixe fácil de ser capturado. Minha opinião é que pescadores de lambaris são velhacos na modalidade. Assim mesmo muitos pescadores espertos já comprovaram que, pela esperteza do peixe, se vacilar, as iscas vão embora mesmo e nem percebem!

As cevas:

Já fiz muitas cevas! Usei cevas de tudo que me indicaram. Mas a melhor mesmo foi quando guardei no freezer aqui em casa os restos de queijos. Todas as cascas retiradas e pedaços de queijos velhos foram guardados no freezer. Depois de uns 2 quilos juntados de restos de queijos, cozinhei tudo com leite até ficar uma massa relativamente dura quando fria. Depois de fria guardei novamente no freezer. Antes da pesca coloquei a massa num saco de algodão furadinho, amarrei uma corda na boca fechada, amarrei a ponta da corda num arbusto e joguei na beira do rio ou represa. OS LAMBARIS FICARAM MALUCOS! Na hora da pesca, retire a ceva!

Quando for embora, jogue a ceva novamente na água do rio ou represa. Se for pescar novamente no dia seguinte deixe a ceva no local e retire antes da pesca. Se não, deixe a seva lá e leve outra na próxima pescaria. Não use matériais sintéticos na seva ou na sua embalagem.

A ceva de quirera só funciona se for bem moída! Num saquinho de papel pardo de pipocas médio, coloque a quirera ou milharina misturada com uma colher de sobremesa que queijo ralado. Misture bem e coloque junto uma pedra para que quando jogar na água o saquinho afunde. Funciona mesmo!

O material de pesca:

As varas lisas (bambu ou fibra) devem ser finas e terem tamanhos entre 2 e 3 metros. Devem ser firmes ou duras. Não use varas muito flexíveis que dificultam a sensibilidade da fisgada.

Se você estiver pescando ao nível da água rasa use varas até 2,60m com linha até no máximo 0,50cm de comprimento maior que a vara. Se pescar em barrancos altos use varas também finas com até 3m de comprimento e também linhas com até 0,50cm de comprimento maior que a vara.

As linhas mais utilizadas são as 0,15mm, 0,18mm, 0,20mm ou no máximo 0,25mm. Use de preferência as linhas semi flexíveis facilmente encontradas no mercado.

Tem gente que prefere o uso de bóias de isopor ou outras. Não importa! A pesca com ou sem bóias são igualmente produtivas. O uso de bóias depende também do local da pesca. O pescador deve testar todas as modalidades possíveis.

O anzol deve ter o tamanho em média do chamado mosquitinho com farpa ou ferpa. Isso por que os lambaris se debatem muito quando são fisgados. Sem as farpas, eles escapam dos anzóis ao se debaterem dentro ou fora d’água. O tamanho do anzol depende também do tamanho dos lambaris da região que você pesca.

Mais

Os lambaris são mais fáceis de capturar nas partes sombrias dos rios ou represas. Eles gostam muito das sombras das moitas e árvores nas beiras d’água. Os maiores lambaris se arriscam a noite! Por isso, a maioria dos grandes são pescados a noite. Caso ali onde você pesca não exista sombras, improvise uma colocando sobre a água alguns ramos de árvores ou arbustos. Na hora não funciona! Os peixes vão se acostumando aos poucos com aquela sombra. Ramos de bambus é ideal. Evite pescar quando sua sobra bate na água. Isso espanta os peixes.

A maior incidência de lambaris se dá na parte na manhã, final da tarde e a noite. Entre 10hs e 16hs os lambaris diminuem suas atividades principalmente quando em dias de sol forte. Entre esses horários, pesca-se menos lambaris, entre outros peixes. O ideal mesmo é pescar ao amanhecer e ou ao entardecer.

Um detalhe importante é envolver a isca, seja ela qual for, bem ao entorno do anzol. O mais fino e menor possível cobrindo todo o metal. Não deixe sobras e cubra a ponta do anzol. O lambari costuma puxar ou beliscar primeiramente, antes de morder toda a isca. Se a isca for grande ou bem maior que o anzol o peixe vai conseguir arrancá-la sem ser fisgado.

Tenho um amigo desde os anos 80 (João Grandão) sósia impressionante do cantor Sérgio Reis. Esse sim é um exímio na arte e especialista na pesca de lambaris além de outros muitos peixes! É um estudioso e profissional nessa parte. Esse amigo me ensinou e, na seqüencia aprendi o seguinte: com uma vara de bambu ou fibra comuns ou vara com molinete (extra leve), linha 0,18mm, empate ou chicote 0,25mm de 0,80cm de comprimento, coloca-se de 1 a 5 anzóis com distancias de 15cms entre eles e, uma chumbada na ponta desse empate. Uma chumbada relativamente leve e afinada para melhorar os arremessos. Nos anzóis são colocadas miçangas pequenas somente amarelas. Outras cores não funcionam bem! As miçangas são introduzidas nos anzóis de modo a passarem pelas farpas e não saírem mais. É IMPRESSIONANTE! A cada fisgada, vêm de 2 a 3 peixes no mínimo. Chegamos a pegar várias vezes num só dia, mais de 1000 lambaris no pesqueiro Tomodathi aqui no ABCD na região da grande São Paulo.
O assunto aqui é falar de iscas e não do peixe ou modalidades da pesca que você conhece até melhor que eu. Aqui em São Paulo uso várias iscas tais como: Bichinhos do pão ou da laranja criados aqui em casa, minhoca comum ou minhoca Califórnia em pedacinhos, minhoca capetinha (aquela fina e bravinha), a formiga carregadeira ou seus ovos, massas caseiras, grão de milho verde novinhos, macarrão próprio, espaguetes cozidos e cortados em pedacinhos, pedacinhos de queijos de vários tipos, insetos e suas larvas e ovos, o sagu de mandioca, entre outros.
Particularmente o sagu é o que prefiro em preparar em casa. Entretanto o problema é que qualquer marca no mercado o seu tamanho é do "tipo 1". Que depois de cozido, a meu ver não fica no tamanho ideal para a pesca do lambari rabo amarelo/vermelho ou chamado "reloginho", etc., existentes em todo o Brasil.
Descobri na internet um macete para diminuir o tamanho das bolinhas de sagu:
1) Numa panela para 3 litros de capacidade, ferva entre 1,5 á 2litros de água;2) Depois de fervida a água, coloque de 100 á 200 gramas do sagu cru e deixe cozinhando por 20 minutos;3) Passado este tempo, acrescente duas colheres de sopa de açúcar e o sumo de 1 ou 2 limões, e ferva por mais 20 minutos;4)Na segunda etapa, verifique se as bolinhas estão ficando incolores, use um garfo comum ou escumadeira para retirá-las da fervura. As bolinhas devem estar incolores por fora e pouco esbranquiçadas por dentro, imitando uma ova de peixe;5) Quando as bolinhas ficarem incolores homogeneamente, o sagu (isca) está pronto.6) Depois, coe o sagu numa peneira ou escorredor de macarrão com furos pequenos e a seguir lave-os em abundância com a água fria da torneira, para retirar a goma existente;7) Finalmente, para soltar as bolinhas, misture-as em fubá bem amarelo, misturado com uma colher de queijo ralado (preferência em pó fino), usando os dedos das mãos frios para isso. Depois peneire o sagu novamente para retirar o excesso de fubá. Preferencialmente, bata antes no liquidificador o fubá e o queijo ralado até ficarem muito bem misturados e em pós finíssimos.
IMPORTANTE; Quanto mais amarelo o sagu ficar é melhor! Tem quem prefira colori-los artificialmente. Então use corante amarelo comestível líquido ou em pó. Eles existem em várias cores, mas os mais usados são os amarelos, laranjas ou vermelhos. E para isto, separe a quantidade que quer colorir, jogue o corante em cima e misture. Somente depois, separe-os (sagus) no fubá, conforme acima. Se preferir, adicione o corante ao fubá e queijo quando for liquidificar.
Como o sagu é preparado normalmente à véspera, muitas vezes na noite que a antecede a pescaria é provável que ele endureça. Então faça o seguinte:a) Ao peneirá-los (os sagus) no fubá deixe um pouco mais umedecido, então o sagu ficará no ponto. Entretanto, se na pescaria ele ficar muito mole, retire uma quantidade da embalagem da pesca e deixe no sol, ele voltará a ficar consistente.
b) Se ficar "duro" de fato, então ferva um pouco de água, peneire o sagu novamente, passe-o em água corrente e coloque-o na água fervida por até 3minutos e ele voltará ao ponto ideal. Repasse no fubá com queijoFaço isto sempre e o sagu fica num tamanho de uns 4mm. Tamanho esse ideal para fixar no anzol.

Essa receita é principalmente para a pesca de lambaris onde no local não existam iscas naturais.

Para saber se o ponto de cozimento esta exato, ao enfiar o anzol, o sagu não pode quebrar ou se desmanchar.

Somente depois de algumas tentativas, acha-se o ponto exato do sagu. Não desista!

O tempo de cozimento do sagu e a foto acima foram colhidos da internet. Dependendo da marca do sagu o tempo de cozimento deve variar um pouco.

O sagu é barato prático e divertido de preparar, vale apena tentar!

Receita infalível da massinha caseira:

Misture: 2 xícaras de faria de trigo, 1 colher das de sopa de fubá, uma colher das de café bem cheia de queijo ralado fino, leite e se possível sangue de carne bovina que sempre escorre dos bifes antes de frita-los e casa. Depois de misturar bem a farinha de trigo, o fubá e o queijo, adicione aos poucos o leite e o sangue dos bifes (se tiver). Caso não tenha o sangue, não se preocupe. Use somente o leite! Mexendo bem os sólidos, acrescente aos poucos os líquidos até formar uma bola relativamente macia. Quando terminar, coloque na geladeira para manter fria até o dia da pesca. O uso do sangue nessa receita pode atrair outros peixes tais como: tilápias, carás, piaus, bagres, pacus, etc. Se preferir mesmo só os lambaris, não use o sangue!

Conheci na região da Serra da Mantiqueira (Cidade de Joanópolis/SP), o proprietário de um sítio que instalou uma lâmpada bem branca colocada (fluorescente econômica de 20W protegida das chuvas e ventos) bem próxima da água de um riozinho de uns 7m de largura. Essa lâmpada ligada atraia os insetos que caiam na água e alimentavam os peixes ali existentes durante toda a noite. Fiquei impressionado com esse tipo de ceva natural. Os peixes não saiam dali nem durante o dia. Muitos lambaris e outros peixes também permaneciam ali para pescar!

Podemos pescar lambaris usando como iscas restos de comidas feitas no acampamento como: arroz, carnes de churrascos, macarrão de macarronadas, restos de verduras cozidas, restos de frutas, etc. Além de pequenos insetos ao envolto do pesqueiro e até pedacinhos de panos amarelos imitando iscas envolvendo o anzol. Podemos usar até mesmo pequenos pedaços da carne do próprio lambari, insetos como os cupins e suas larvas e seus ovos. Serve também, pedacinhos de carne seca, de salsichas, de tripas e coração de frango, de coração de boi, etc.

Receita para fritar lambaris:

Vivos ou frescos retire as escamas e as vísceras dos lambaris. Não retire as cabeças e rabos. Lave-os bem. Numa vasilha faça um molho fino (bem líquido) com sal a gosto, limão e molho de alho*. Coloque os peixes na vasilha com o molho para que abosrvam os temperos e deixe-os ali por uns 30 minutos ou mais um pouco. Numa frigideira de borda alta e sem tampa adicione óleo de soja ao nível aproximado de 2cms de altura e acenda o fogo. Antes de fritar os lambaris, passe todos e aos poucos na farinha de trigo. Em seguida frite a quantidade de no máximo 10 peixes por vez, dependendo do tamanho da frigideira. Óleo muito quente torra os peixes o que não é recomendável. Muitos lambaris na frigideira resultam em peixes encharcados de óleo. Frite aos poucos! Na falta da farinha de trigo use o fubá extrafino. Sirva com limão, molho de alho ou molho tártaro que feito da mistura de mostarda, maionese, ketchup e creme de leite.

Receita sofisticada de lambaris fritos à milanesa:

Observando a receita acima, siga os passos até o asterisco. Use 3 pratos. Ou seja, o bichinho não pode estar encharcado de água! Para cada meio quilo de lambaris, use 3 pratos. Num prato, bata um ovo no garfo juntamente com a medida de uma xícara das de chá de leite. No segundo prato coloque uma xícara de farinha de trigo. No terceiro prato coloque uma xícara de farinha de rosca. Antes de fritar, passe os peixes escorridos pelo ovo e leite e novamente escorra bem. Em seguida passe os peixes pela farinha de trigo e depois pela farinha de rosca apertando-os e cobrindo-os (apertando) bem. Não se preocupe e não tenha dó, o peixe está morto!

Tanto uma quanto a outra receita servem para quaisquer tipos de peixes escamosos a serem fritos.

Usando o lambari como isca para outros peixes maiores:

Entre outros muitos peixinhos, os lambaris são bastante usados com iscas vivas para a captura dos grandalhões. Independente dos espécimes (lambaris ou outros) o importante é estarem sempre vivos! Ativos nos anzóis grandes, eles atraem os peixes maiores. Ao espetar o bichinho como isca nos anzóis grandes, procure sempre o local mais próximo ao rabo. Se espetar no abdômen ou na cabeça, o peixinho morre e fica inerte!



Para manter o lambarí vivo por um bom tempo depois de pescá-lo, use um samburá deixando-o submerso na água ou coloque-o num balde médio com água fria do próprio ambiente e sob à sombra.


Você que quer ter peixes na sua propriedade:

Se tem uma chácara, sítio e ou fazenda e resolver construir um lago, não se preocupe! Depois de pronto e cheio d’água a natureza se encarrega de tudo. As aves aquáticas (patos) e as pescadoras migratórias (garças) transportam sem quererem sob suas asas e patas as ovas de vários tipos de peixes. Entre eles os bagres, traíras, acarás, tilápias, espécimes dos lambaris, entre outros. Informe-se sobre as criações de peixes ornamentais. É que os lambaris, os acarás e as traíras são bastante vorazes!



Solte os lambaris filhotes:

Se pescar os filhotinhos, eu os solto!

BOA PESCARIA!

Junior. 1/10/2011